Mercado de Trabalho, emprego e Renova
O período que sucedeu ao rompimento da Barragem de Fundão foi marcado por uma grande crise, com taxas de desemprego que chegaram a alcançar 25% no ano seguinte ao desastre-crime, como aponta o Sistema Nacional de Emprego (Sine). Nos anos anteriores, o desemprego figurava na casa dos 6%.
Apesar da mineração ter ocupado mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) municipal durante a década passada, as vagas de emprego não acompanham o mesmo cenário.
Nos anos mencionados no gráfico, a mineração empregou menos funcionários do que a sua participação no PIB sugere. No ano do rompimento, o setor de Indústria e Mineração correspondia a 59% do PIB enquanto ocupava apenas 21% dos mais de 13 mil empregos formais registrados em Mariana.
O número de empregados nos setores da extração mineral e da construção passou a crescer a partir de 2017, assim como o setor de serviços. Apesar desse crescimento, a economia não se diversificou nos anos seguintes, continuando uma tendência já visível na economia marianense, a da minério-dependência.
Outro setor de destaque foi a construção civil, que teve sua atividade diretamente ligada às atividades da Fundação Renova e, por consequência, das mineradoras. A pesquisadora e mestre em Economia Karolina Vasconcelos explica como se deu esse processo: “Um dos programas que falava da contratação de mão de obra local, mas a mão de obra local não supria essa demanda. E começaram a vir pessoas de fora para trabalhar nessas obras”.
A demanda de trabalho trazida pela reconstrução dos subdistritos foi maior do que o esperado, o que trouxe novos trabalhadores para a cidade. Todo esse fluxo de pessoas levou a construção a se tornar o setor que mais contratou na região, até mesmo durante a pandemia, como aponta Karolina.
Para além de Mariana, os dois milhões de habitantes dos 45 municípios atingidos ao longo da Bacia do Rio Doce tiveram prejuízos notáveis na renda, com o Projeto Rio Doce, da Fundação Getúlio Vargas, apontando uma queda de 13% (R$ 369) na renda média mensal proveniente do trabalho nos municípios atingidos entre 2014 e 2022. A diminuição dessa receita aconteceu, inclusive, durante um período de alta da inflação, aprofundando ainda mais a perda do poder de compra da população.
Anahí Santos, Júlia Martins, Maria Eduarda Marques e Maria Teresa Carvalho
Agosto de 2025