Foto: Eduarda Dias
No atual contexto político, a juventude brasileira nem sempre manifesta valores progressistas
Grazzy Maria, Izabella de Almeida Freitas, Lívia Kelly Labanca Ferreira e Maria Clara da Silva Passos — Março/2023
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 2,1 milhões de jovens estavam aptos para votar no ano de 2022. Deste número, que representa os votos facultativos, 1,7 milhões compareceram às urnas para as eleições presidenciais. Segundo o TSE, houve o crescimento de 52,3% em relação ao ano de 2018, o que explica o engajamento político do público, muitas vezes alvo das campanhas de diversos partidos e movimentos estudantis em busca de mobilização.
Nathielly Leão, 17, estudante do Ensino Médio do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus Linhares, foi uma das jovens que esteve presente para votar em 2022. “Eu sempre tive vontade de votar. Esperei meus 16 anos, ansiosamente, para conseguir tirar o título de eleitor e dei sorte de ser ano de eleição presidencial”, afirma. Da mesma forma, Kamila Gomes, 18, e Wainer de Oliveira, 17, exerceram o voto pela primeira vez em 2022, ambos acreditam que por meio do voto estão defendendo seus ideais.
Nathielly Leão, que votou pela primeira vez em 2022, exibe com orgulho seu título digital. Foto: Grazzy Maria
Com o intuito de engajar esses potenciais transformadores da sociedade, o TSE também criou a campanha “Bora Votar!”. A iniciativa tinha como objetivo aumentar o número de eleitores entre 16 e 17 anos, já que esses jovens não são obrigados a votar. Os esforços para atrair esse público se devem ao fato
Luís Antonio Groppo,
Professor da Unifal
O que é dito por Groppo pode ser observado nas diferentes opiniões dos jovens. Nathiely Leão, que sempre sonhou em votar, diz não concordar com o modo como a democracia é exercida no Brasil. “O voto é a melhor forma de exercê-la, mas não apoio totalmente a forma que ela é executada no Brasil com as urnas, acredito que todo voto deveria ser feito por meio de um vídeo ou uma escolha pública em que todos pudessem saber o voto do outro”, afirma.
Em contrapartida, Larissa Fuzari, 17, que também estuda no Ifes, acredita que a urna é um instrumento seguro e facilitador do processo de votação. "Nessa última eleição surgiram muitas fake news sobre a integridade das urnas, e com elas as provas científicas de que são 100% confiáveis e seguras, além da velocidade da contagem dos votos e do deslocamento para essas urnas chegarem a todos os povos", explica. A jovem contou que, aconselhada pelos seus pais, optou por não tirar o título de eleitor, mas que se arrependeu da decisão.
Kamila Gomes não escondeu seu desejo de retirar o ex-presidente Jair Bolsonaro do poder, além disso, ela afirma defender ideais de igualdade social, feminismo, democratização da educação e de combate ao racismo. “Eu acho que as pessoas da minha idade deveriam levar esse assunto mais a sério ou dar o mínimo de importância, porque hoje é a minoria dos jovens que se importam com isso, e se isso acontecesse de fato, a gente, a sociedade, daríamos um grande passo político”, reflete.
Diferentes das outras, que de alguma forma se interessam pelo debate, a mineira Sara Poltronieri, 17, não tirou o título de eleitor, pois assim como uma parcela da juventude brasileira, prefere não se posicionar politicamente. Sara afirma não ter tirado por não entender sobre o assunto. “Não vejo nada sobre política e não gosto, preferi não votar porque não sei de nada”. Apesar disso, a estudante acredita que os jovens são potencialmente transformadores.
No que diz respeito à aversão ou a escolha por não se posicionar, Groppo acredita em uma diminuição. Para o pesquisador, mesmo que movidos por ódio ou por amor, de certo modo a população brasileira tem se posicionado nos últimos anos. Quanto à juventude, Groppo diz haver mais ambiguidade do que uma neutralidade. Ou seja, um mesmo jovem pode defender valores de frentes opostas.
As eleições de 2022 comprovaram esta distinção de crenças e posicionamentos em todo o Brasil. Em consequência disso, o país se viu dividido em duas vertentes: uma progressista e uma conservadora, que também esteve presente na realidade dos jovens brasileiros.
A prova de que a religião de fato tem essa influência na juventude, é Wainer de Oliveira, membro da Igreja Batista Peniel, Mariana, MG, que articula sua posição política com sua religião. “Devemos saber que nossa guerra não é contra carne e sangue, mas contra principados e potestades. Então, eu creio que muitas pessoas estão acreditando em homens, mas devemos acreditar em Deus", afirma. O marianense acrescentou ainda que devemos “orar por nossos líderes políticos”.
Vinicius Seabra,
Pesquisador
Em oposição a religião, a escola se configura como espaço educacional formal que desempenha uma função importante para o desenvolvimento do pensamento crítico e do exercício da democracia. No Brasil, a forma como a estrutura escolar é moldada, em tese, visa auxiliar este processo, como
A representação estudantil nas escolas, ainda que não em todas, é uma das primeiras formas de incentivo à participação e a luta pelos direitos da juventude. Heliton Martins, 19, estudante de Química Computacional da UFMG, participa de movimentos desde o Ensino Médio. “Entrei na UFMG em 2019, e aí conheci o movimento ‘Afronte!’ e me organizei. Hoje eu sou militante da ‘Afronte!’ e integro também a resistência das correntes do PSOL”. O estudante enfatiza que por meio dos movimentos adquiriu uma consciência política muito forte, tendo aprendido sobre a potência da juventude para mobilizações efetivas em busca da manutenção da democracia.
Da mesma forma, Gustavo Damião teve seu primeiro contato com a militância no Ensino Médio. Ele fez parte do grêmio estudantil e participou das ocupações estudantis de 2016. Quando entrou na universidade, o jovem criticava a atuação da União Nacional dos Estudantes (UNE) e a forma como essa entidade máxima de representação dos estudantes estava ausente nas lutas concretas dos estudantes. O estudante ressalta que, ao se ver criticando o movimento, sentiu a necessidade de apoiar sua organização.
As ocupações e manifestações de 2016 citadas por Gustavo foram um marco na história do movimento brasileiro. Os estudantes protestavam contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, que consistia em criar um teto de gasto para evitar que a despesa crescesse mais que a inflação. Além disso, militaram contra a reforma do Ensino Médio, proposta pela Medida Provisória (MP) 746/2016, que visava implementar nas escolas o Ensino Médio em tempo integral. Além disso, restringia a obrigatoriedade do aprendizado de artes e educação física ao nível Infantil e Fundamental, tornando-as facultativas no Ensino Médio.
Em Mariana, MG, estudantes se organizam para acolher e lutar pelos direitos dos jovens negros. Maria Eduarda Camara, 21, participa há um ano do Coletivo Negro Braima Mané. Fundado em 2015, o coletivo carrega o nome de um ex-estudante de Economia da Ufop, vindo de Guiné Bissau, que faleceu em decorrência de afogamento. Duda, como é conhecida, fala sobre a importância do movimento: “O coletivo tem como objetivo fazer com que as pessoas negras da universidade se organizem e lutem para resistir a esse sistema racista e opressor que tem dentro da universidade, que é um sistema muito embranquecedor. Então é uma forma, de não só unir esses jovens na luta, mas de acolher as pessoas”. A estudante enfatiza a necessidade de acolher os estudantes negros, pois ao adentrarem no Ensino Superior, eles não se reconhecem e não se sentem parte da Universidade.
O Coletivo realiza ações de integração na Ufop e organiza atos contra o racismo. Em 2022, o grupo e outros estudantes negros se uniram para protestar contra o blackface praticado por repúblicas de Ouro Preto. A prática racista, que começou nos teatros de Nova York por volta de 1830, consiste em pessoas brancas pintarem seus rostos com tinta preta para criar personagens para ridicularizar a imagem do negro.
Vozes do futuro
Religião e política
de a sociedade reconhecer a capacidade que eles possuem para realizar transformações no cenário sócio-político. No entanto, nem sempre as mudanças e as contestações atribuídas por ela são homogêneas. O cientista social e professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), Luís Antonio Groppo, lembra: “Não necessariamente quando a juventude encontra respostas alternativas elas são progressistas, reformistas, ou vão interessar uma ampliação da democracia, dos direitos humanos.”
Jovens de Criciúma participam da campanha "Bora Votar". Foto: Luciano Nunes
Para o pesquisador Seabra, o discurso religioso utilizado pelos candidatos com teor teológico, é apenas uma estratégia política de grupos fundamentalistas e extremistas para atrair os eleitores desse segmento. O pesquisador entende que a ideologia de esquerda trabalha com pautas majoritariamente contrárias àquelas com teor conservador. No entanto, explica que não é de interesse da esquerda a perseguição desses grupos, pois existem, também, líderes religiosos filiados a partidos progressistas.
Assim como nas publicações derrubadas pelo TSE, o Pastor da Igreja Batista da Lagoinha, André Valadão, afirmou, em suas redes sociais, que o presidente Lula era a favor da liberação de pequenos furtos. Dias depois, após receber intimações sobre as acusações que fez ao atual presidente, se desculpou por meio de um vídeo, afirmando que o TSE havia o intimado a pedir desculpas publicamente. Logo em seguida, o TSE se pronunciou e afirmou nunca ter intimado o pastor a se retratar.
O relatório “Caminhos da Desinformação”, publicado em 2021 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), contou com mais de 1500 entrevistados de igrejas batistas e evangélicas. Cerca de 33% afirmaram que pessoas conhecidas são suas principais fontes de informação, sendo mais consultados do que veículos de imprensa e pesquisas na Internet. Para 13,2% dos evangélicos, os líderes religiosos e membros da igreja são as fontes mais confiáveis de notícias. O relatório também aponta que esse comportamento está ligado à sensação de pertencimento do indivíduo. De acordo com os pesquisadores,"o posicionamento em relação a valores e aos aspectos morais tendem a definir uma adesão e o pertencimento a um grupo. Nesse sentido, se diminui o valor dado aos conteúdos e às informações".
Durante as últimas eleições, o discurso religioso também se tornou instrumento de políticos e civis para disseminar fake news nas redes sociais. Algumas das mensagens compartilhadas, por exemplo, afirmam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia assinado projetos de leis que tinham por objetivo a perseguição religiosa e o fechamento de igrejas. Contudo, o
Vinicius Seabra,
Pesquisador
ministro do TSE, Paulo de Tárcio Severino, ordenou, no dia 4 de outubro de 2022, que as falácias fossem apagadas das redes. O portal UOL Confere também comprovou que as informações publicadas eram mentirosas.
O papel da educação
Deborah Etrusco Tavares,
Secretária de Educação de Ouro Preto
explica a Secretária de Educação de Ouro Preto, MG, Deborah Etrusco Tavares: “A implementação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) por si só promove o desenvolvimento de habilidades e reflexões com relação à política”.
A BNCC é um documento que tem o intuito de nortear o currículo escolar nacional, com base em normas ele define o modo como a aprendizagem vai ser posta nas escolas brasileiras. O currículo de base estabelece conhecimentos e competências que todos os estudantes devem desenvolver durante a educação básica, tanto de escolas públicas quanto privadas. As normas seguem o Plano Nacional de Educação (PNE), que dispõe de diretrizes que auxiliam no processo de estruturação do sistema educacional.
Luana Tolentino,
Mestra em Educação pela UFOP
Para Luana Tolentino, Mestra em Educação pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), esse sistema de ensino público brasileiro “pouco dialoga com os anseios dos jovens". Ela reforça que a formação dos indivíduos não se dá apenas nas escolas, pois recebem influências da sua composição familiar, dos
espaços que frequentam e dos grupos que fazem parte. A escola, sozinha, não é suficiente para educar a população sobre a vida em sociedade. Ainda assim, a educadora acredita que a educação formal tem grande influência na promoção da participação política dos jovens.
Na mesma perspectiva, o especialista em educação e juventude Gabriel Medina reforça a importância da educação pública para que os jovens, principalmente de baixa renda, possa acessar o seu direito ao ensino e ter oportunidade de aprendizagem. Medina ressalta ainda que os especialistas da educação sempre debatem a inclusão, e, de certo modo, a educação brasileira inclui mas não garante “uma escola que consiga dialogar com jovens que consiga despertar interesse pela ciência, despertar uma motivação para a cidadania”. Para ele, “a escola ainda é muito incapaz de conseguir olhar para as novas gerações, acolher a sua diversidade e fazer com que os jovens se sintam de fato em um ambiente acolhedor, propositivo, que desperte curiosidade e iniciativa.”
Medina comenta também sobre a falta de autonomia e de participação dos jovens nas tomadas de decisões no âmbito escolar. Na maioria das escolas brasileiras, a forma de ensinar se dá por meio da pedagogia diretiva, em que o professor instrui e o aluno reproduz. Nesse modelo, o estudante deve seguir todas as orientações dos professores, que baseada na hierarquia é o “único” que detém o conhecimento. Para além da sala de aula, isso implica em todas as tomadas de decisões do mundo acadêmico.
No Ensino Superior não é muito diferente. Gustavo Damião, 22, graduando em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, protesta justamente sobre a não inserção dos estudantes, técnicos e terceirizados nas tomadas de decisões das universidades. Ele explica que é necessário “dialogar com os estudantes para que coletivamente a gente consiga entender que a universidade também é nossa e que a gente também tem direito sim ao voto paritário como os professores”.
Uma das formas de aumentar a participação dos estudantes é a criação de Grêmios Estudantis e Diretórios Acadêmicos que, através da democracia representativa, proporcionam aos estudantes a possibilidade de eleger um representante para reivindicar seus direitos no âmbito escolar. Medina também lembra que a criação dessa representação “é um direito, que por vezes não é garantido, por vezes os jovens não estão informados desse direito, e não há uma preparação para que eles se organizem”.
Em 2019, estudantes ouropretanos se mobilizaram contra o corte de verbas das universidades e institutos federais. Foto: Ane Souz
Juventude em movimento
O Coletivo Braima Mané se reúne periodicamente para debater trabalhos de TCC de integrantes do grupo.
Foto: Grazzy Maria
Duda afirma que a participação da juventude acadêmica é efetiva, porém precisam que outros jovens da Região dos Inconfidentes se comprometam com o movimento. Mas a estudante reconhece que devido às outras necessidades dos membros do movimento, como a dedicação aos estudos e busca por emprego, o coletivo acaba se desmobilizando. “A gente perde um pouco a mobilização por termos várias demandas, a universidade, ter que trabalhar, porque a gente sabe que boa parte da população negra não tem boas condições de vida. Mas eu percebo, desde que faço parte do coletivo, que quando nos propomos fazer algo a gente faz muito bem!”, enfatiza Duda.
Como preparar a juventude para o futuro?
A educadora Luana Tolentino acredita que os desafios para formação política dos jovens está relacionado ao sucateamento das escolas públicas, e pela cultura de ódio instaurada no país. “Esse contexto de ódio, esse contexto de desinformação, esse contexto de violência extremada institucional. Então, eu vejo isso com as maiores dificuldades para a participação política dos jovens”, afirma.
Preparar os jovens para lidar com as diferenças é uma das formas de garantir o futuro da democracia e esse preparo pode ser feito através da educação. Gabriel Medina acredita que por meio da escuta, as escolas conseguem trabalhar melhor com a pluralidade da juventude, garantindo o bom convívio. “Primeiro conseguir fazer processos de acolhimento reais e sinceros,
Gabriel Medina,
especialista em educação e juventude
porque acolhimento significa escutar, saber escutar. Esse é o primeiro ponto: como a gente escuta? Como a escola escuta ? Como ela ajuda os outros a aprenderem a escutar uns aos outros”, explica.
Na mesma linha, Tolentino acredita no processo educacional baseado no sujeito. “O que a gente precisa é maiores investimentos na educação pública, na formação dos professores e também pensar a educação brasileira sobre outras perspectivas. Não só a partir de uma perspectiva conteudista, meritocrática, mas uma educação focada no sujeito no afeto, no reconhecimento mútuo, no combate às desigualdades, às discriminações, aos preconceitos e isso é possível sim!”, ressalta.
Quanto ao papel dos jovens nas transformações, Medina reflete que não são capazes de mudar o mundo sozinhos, portanto, é necessário que a sociedade gere as condições de mudanças e desperte a juventude para lutar contra o sistema.
“ Os jovens têm que trazer esse espírito questionador, mais ‘radical’ no sentido raiz, e ao mesmo tempo conseguir apresentar alternativas, produzir boas proposições de como mudar o mundo. Não só lutar pela mudança do mundo, mas dizer como mudar e para onde fazer. E isso, só se faz coletivamente”
Gabriel Medina
Segundo o G1, no ano de 2022 o número de candidatos religiosos totalizou 649 em todo o país, sendo 21 deles eleitos, superando em 31% as eleições de 2018, que contaram com 493 deles, dos quais 16 foram eleitos. A categoria engloba aqueles que utilizam o título religioso nos nomes de urna ou que admitem pertencer ao grupo. De acordo com o levantamento do UOL, 93,31% representavam evangélicos, 2,88% católicos e 3,79% de matrizes africanas.
Em 2020, uma pesquisa realizada pelo Instituto DataFolha contabilizou que aproximadamente 12,4 milhões de jovens entre 16 a 24 anos se declaram evangélicos, enquanto 13,7 milhões deles se identificam com o catolicismo. O DataFolha também estimou, no ano de 2022, que 49% dos eleitores brasileiros se importam com o fator religioso ou a fé do candidato na hora de definir o voto. A influência da religião predomina entre eleitores mais velhos e menos escolarizados se comparados ao público entre 16 e 24 anos.
Uma das estratégias utilizadas pelos partidos políticos para atrair os jovens e adultos é o uso da religiosidade, pois ela adentra no método de conquista pelo pertencimento e pela confiança. Posto que líderes religiosos trazem consigo uma abordagem que gera a ideia de que suas opiniões são confiáveis, do mesmo modo que seus discursos, de forma que seus fiéis se sentem representados. Assim, alguns partidos contam com o apoio de pessoas influentes dentro da religião, para terem declarações que causem sentimentos de identificação em quem as escute influenciando suas opiniões.
A exemplo disso, temos o ex-presidente Jair Bolsonaro que em seu discurso feito no ano de 2022 para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), usou do termo “Cristofobia” para se referir à “aversão ou ridicularização pública de uma pessoa, em razão da sua fé em Jesus Cristo”. A declaração foi um “apelo” para que as nações se unam e lutem contra o preconceito às religiões cristãs. A alegação gerou debates contraditórios acerca do assunto. Segundo dados da Lista Mundial de Perseguição (LMP) feita anualmente pela fundação internacional Portas Abertas e que mostra os maiores níveis de perseguição aos cristãos, o Brasil não se encontra no ranking global.
Wainer utilizou-se do texto sagrado encontrado no livro de Efésios para fundamentar seu pensamento sobre a modernidade. Segundo o livro: “não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes” (6:12). No texto bíblico, o apóstolo Paulo alerta aos cristãos de que a luta não se dá no campo físico, homem contra homem, mas sim no campo espiritual. No que diz respeito ao uso do texto sagrado pelos cristãos associados à política, o “inimigo” seria a esquerda.
Um diálogo para importantes questões na luta pela democracia brasileira: o Estado, a mídia e o povo.
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