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Os profissionais que atuam na linha de frente

Segundo a Fiocruz, o Brasil possui mais de 1,5 milhão de trabalhadores no combate ao vírus

Equipe: Fanny Souza,

Laís Nagayama e Vitória Pupio

Em fevereiro de 2020 foi confirmado no Brasil, o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus, que é uma variante do vírus corona, conhecido desde 1960. Já em março, o vírus começou a se espalhar por transmissão comunitária. Nesse momento também ocorreu a primeira morte no país, no estado de São Paulo, o que gerou para os brasileiros um alerta. Ainda no mesmo mês, a Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou ao status de pandemia o estado de contaminação por covid-19. Foi emitido um alerta sobre o risco de uma crise global na saúde e a classificação declarada pela OMS obrigou os países a tomarem providências necessárias, adotando medidas de segurança e prevenção. 

 

Uma série de acontecimentos, diretamente relacionados à pandemia, foram registrados e se tornaram pauta constante nos noticiários ao longo do ano de 2020. Entre eles, destaca-se a força tarefa de diversos cientistas, instituições de pesquisa (nacionais e internacionais), profissionais de saúde ligados aos diversos setores de atendimento à saúde. No Brasil, instituições de pesquisa como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantã ganharam destaque nos noticiários em virtude dos esforços empreendidos pelos pesquisadores vinculados às duas instituições na "linha de frente" das pesquisas pela vacina, com campanhas e ações de prevenção e outros estudos. A Fiocruz construiu uma linha do tempo sobre os acontecimentos em torno da pandemia no ano de 2020, que aponta a evolução dos estudos sobre o coronavírus. Através dela, pode-se entender a dimensão da pandemia no Brasil e as expectativas para o combate e tratamento da doença.

 

Em um cenário pandêmico, onde a ameaça de um vírus surge em meio à humanidade, há trabalhadores que se destacam. Os profissionais de saúde são os primeiros a serem apontados como peças chaves para anular o perigo, o que pode ser denominado como “linha de frente''. O termo aciona imediatamente a representação de profissionais que estão em hospitais e postos de saúde, reforçando o imaginário do combate ao coronavírus centrado em profissionais como médicos e enfermeiros. No entanto, a "linha de frente" é composta por um grupo de profissionais mais amplo, com especializações distintas. É justamente essa diversidade de atuações que é "invisibilizada''. Esses profissionais também se comprometem e se arriscam diariamente para contribuir e garantir o bom funcionamento das unidades. Sem eles, todo o sistema entraria em um cenário de caos e desordem. 

 

Segundo matéria publicada no Portal de Notícias da Fiocruz, são mais de 1,5 milhão de trabalhadores de nível técnico/auxiliar da saúde que enfrentam no Brasil, diariamente, novos casos de contaminação. Todos eles exercem seu papel em uma rotina exaustiva, com estrutura de atendimento nem sempre eficiente, culminando em centenas de óbitos diários relacionados à covid-19. É importante ressaltar o papel daqueles considerados linha de frente "invisível'', que são pessoas que lidam diretamente com a ameaça, mas no dia a dia do tratamento do paciente não recebem o devido destaque. 

 

Queluzito, cidade do interior de Minas Gerais, fica a aproximadamente 100km de Belo Horizonte, possui uma população em torno de 1.943 habitantes e dispõe de um sistema de saúde de menor escala. No cenário local de assistência à saúde, é possível perceber quem são os profissionais da linha de frente "visível" e "invisível". Ivanete Souza, ex-secretária de Saúde de Queluzito, estava à frente da administração da pasta no momento em que a pandemia foi decretada e, por isso, acredita que o esforço coletivo é fundamental para minimizar o poder de transmissão do vírus. Ela também destaca que, para o devido funcionamento do setor de Saúde de forma ininterrupta e incansável, é preciso várias categorias profissionais.

Tanto os profissionais da linha de frente quanto os colaboradores são de fundamental importância, pois atuam de forma contínua buscando o controle sanitário para evitar o quadro caótico e o congestionamento do sistema assistencial de saúde

Ivanete Souza

Ex-secretária de Saúde do município de Queluzito - MG

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Fonte: Arquivo pessoal

Atualmente, Ivanete permanece trabalhando na área da saúde, com atendimento ao público. “Todos [os profissionais da linha de frente “visível” e “invisível”] têm sua atividade de suma importância para que todo o protocolo seja cumprido para salvar vidas”, explica. A ex-secretária destaca que médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem atuam de forma decisiva na linha de frente e se encaixam na categoria “visíveis”. Entretanto, ela reitera que fisioterapeutas, farmacêuticos, assistentes sociais, agentes de saúde e psicólogos também merecem destaque, uma vez que os pacientes acometidos pela doença precisam de apoio e estes profissionais prestam o atendimento necessário.

“Dessa forma podemos citar várias categorias profissionais tentando salvar vidas e se expondo ao vírus, atuando de forma decisiva na linha de frente.”, ressalta a ex-secretária. São  profissionais “invisíveis” que atuam na linha de frente: motoristas de transporte sanitário, intensivistas, recepcionistas, a administração que interage socialmente, e os profissionais de laboratório e serviço de exames de imagem. De forma essencial para cuidados de prevenção da disseminação do vírus, a ex-secretária também considera relevante e de suma importância o trabalho dos profissionais de limpeza. Atuando sem descanso, são responsáveis pela higienização do ambiente hospitalar.

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Fonte: Arquivo pessoal

Todos [os profissionais da linha de frente visível e invisível] têm sua atividade de suma importância para que todo o protocolo seja cumprido para salvar vidas

Marcelo Barbosa

Diretor da Policlínica Municipal de Conselheiro Lafaiete

Marcelo Barbosa, enfermeiro e gerente da Policlínica Municipal de Conselheiro Lafaiete desde 2020, também reconhece que “visíveis'' são os profissionais que atuam diretamente com o paciente em suspeita de covid-19 (médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem). ‘Invisíveis’ seriam os profissionais que atuam indiretamente e possuem contato com os pacientes ou com objetos contaminados, (serviços gerais, administrativos, assistentes sociais, farmacêuticos e técnicos de laboratórios)”.

A Policlínica Municipal de Conselheiro Lafaiete é a porta de entrada para todos os pacientes de covid-19 do município e de, pelo menos, outras dez cidades vizinhas, localizadas na região do Alto Paraopeba - MG. No local, atualmente, trabalham 205 funcionários que, na visão de Marcelo, independentemente de serem considerados linha de frente “visível” ou "invisível'', todos possuem uma atividade fundamental e importante para que os protocolos de saúde sejam cumpridos a fim de salvar vidas.

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Foto de: Reprodução/ Policlínica Municipal de  Conselheiro Lafaiete

A estrutura física da policlínica foi alterada para locação de leitos de isolamento para pacientes com suspeita de covid-19. Os profissionais foram capacitados.

A Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e o Centro de Estudos Estratégicos (CEE), da Fiocruz lançaram em janeiro deste ano a pesquisa “Os trabalhadores invisíveis da saúde: condições de trabalho e saúde mental no contexto da covid-19 no Brasil”.  O questionário é um subproduto da pesquisa Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da covid-19 no Brasil, que já levantou dados sobre as condições de vida e trabalho de médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e fisioterapeutas que atuam diretamente na assistência e no combate à pandemia do novo coronavírus.

 

O objetivo da pesquisa é ouvir profissionais de saúde e analisar as condições de vida e trabalho, onde muitas vezes são pouco valorizados e estão contribuindo de forma decisiva na qualidade de atendimento na saúde da população. O estudo apresenta os resultados obtidos a partir da aplicação de um questionário que gera dados e informações para auxiliar as entidades e institutos na formulação de propostas de melhorias para o sistema de saúde brasileiro. 

 

O estudo considera ser “invisível” alguns dos profissionais que foram apontados como linha de frente “visível” pelos entrevistados da Curinga:  técnicos e auxiliares de enfermagem, de técnico em radiologia, de análise laboratorial, de farmacêuticos, maqueiros, motoristas de ambulância, recepcionistas, pessoal de segurança, limpeza e conservação e agentes comunitários de saúde. Todos eles também encaram um cotidiano anônimo em meio a alguma instituição ou a própria sociedade.

 

“Essa legião de trabalhadores da saúde está cotidiana e diretamente na linha de frente atendendo a mais de 8 milhões de contaminados pela covid-19 e lidando com mais de 200 mil óbitos em todo o país. Além disso, estão expostos à infecção, sofrem com a morte de colegas, e boa parte está desprotegida de cuidados necessários, sem, de fato, ter voz e meios de expressar a real situação no cotidiano do seu trabalho e de sua vida pessoal, no que se refere à saúde física e mental”, explicou  Maria Helena Machado, coordenadora da pesquisa, em entrevista ao Portal de Notícias da Fiocruz.

 

Em entrevista cedida ao Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, a pesquisadora Maria Helena Machado aborda a dinâmica da pesquisa. A princípio, o questionário foi proposto aos profissionais de nível superior, mas após estudos e recebimento de questionários de diferentes profissionais, viu-se a necessidade da inclusão daqueles que, inicialmente, não estavam incluídos na pesquisa, como maqueiros, motoristas, socorristas, recepcionistas, profissionais de limpeza e outros. Eles, então, foram inseridos no estudo com o intuito de sensibilizar a população e a própria equipe de saúde quanto à importância de todos os profissionais.

Diante das falas desses profissionais, observa-se a existência de divergências em classificar o posicionamento de cada trabalhador na linha de frente. Durante a pandemia, muitos relatos dos trabalhadores da saúde de vários lugares apontam as dificuldades para atuação profissional com segurança: falta de  equipamentos de proteção individual (EPIs), infraestrutura precária, ritmo e carga horária elevados, estresse e incertezas sobre a permanência no trabalho, o medo de contaminar os familiares, além da falta de apoio psicológico.

As vozes da linha de frente do combate ao coronavírus

Quando um paciente chega ao hospital com sintomas gripais e suspeita de contaminação por covid-19, diversos profissionais atuam durante o percurso da triagem, da consulta, do diagnóstico e do tratamento para dar a assistência necessária aos enfermos.

 

Procurando dar voz a alguns dos profissionais de saúde que estão no combate diário ao coronavírus, repórteres da Curinga conversaram com algumas dessas pessoas sobre suas condições de trabalho, seus sentimentos quanto ao risco que correm todos os dias e quais as expectativas para o futuro. Também elaboramos um diagrama com o detalhamento de cada etapa do atendimento e a identificação dos profissionais envolvidos.


O diagrama, abaixo produzido, foi baseado no protocolo e nas orientações para manejo clínico do coronavírus, ambos providos do Ministério da Saúde (MS). Portanto, esse caminho que o paciente com sintomas gripais representado na ilustração, são inteiramente de atendimento público, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Outro fato também, é que não há um padrão de atendimento para todos os municípios, pois cada cidade se adequa à sua realidade. Por isso, ele varia de atendimento para atendimento.

Alessandra Reis, auxiliar de limpeza, trabalha há pouco mais de um ano no setor público de Queluzito - MG, e relata sua rotina dentro da área de transporte, odontologia e secretaria da saúde, com o uso de máscara e EPIs, que são trocados a cada mudança de local de trabalho durante seu turno. Ela conta, também, que a preocupação quando chega em casa é colocar a roupa com a qual estava no trabalho para lavar e já tomar um banho, evitando contato com a residência para diminuir a possibilidade de contaminação.

Por ter comorbidades, seu cuidado é em dobro, assim como é com os familiares. Com todo o caos, ela precisou se afastar dos encontros e conviver apenas com o filho de 11 anos. Ela comenta também sua paixão pela profissão a torna mais humana “Às vezes faço papel de psicóloga, mãe, professora, aluna. De tudo um pouco, na intenção de ajudar a amenizar tanto o medo pelo qual todos estamos passando”. Apesar de estar na linha de frente, Alessandra explica que tem tranquilidade com a situação e procura se manter calma.

Não tem como descrever a experiência de estar trabalhando na linha de frente. É surreal. Ela é extremamente difícil, extremamente triste e extremamente gratificante

Fernanda Rosa

Técnica de enfermagem na Policlínica Municipal de Conselheiro Lafaiete e no CTI do Hospital de Campanha da cidade.

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Fonte: Arquivo pessoal

Fernanda Rosa trabalha em escalas de 30h na Policlínica Municipal de Conselheiro Lafaiete - MG, e no Centro de Terapia Intensiva (CTI) no hospital de Campanha da cidade. Ela nos contou um pouco sobre como é trabalhar na linha de frente e sua visão sobre a vacina. “Já tinha o costume de não ficar em casa com roupa que eu ia na rua, então, aqui em casa não entramos com sapato dentro de casa, fica tudo na porta. (...) sempre trabalhei em hospital, em lugares contaminados, então eu já tinha o costume de chegar em casa e ir direto pro banho. Hoje tomo dois, tomo um quando saio do hospital e outro quando chego em casa.”, comentou a técnica. Confira a entrevista, em áudio, abaixo:

Fernanda - Técnica de Enfermagem
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Fonte: Arquivo pessoal

Trabalhar na linha de frente me proporcionou não somente conhecer mais sobre a doença, como também poder contribuir com a saúde pública

Alan Rodrigues

Enfermeiro no Posto de Saúde de Santana dos Montes - MG e na Policlínica Municipal de Conselheiro Lafaiete - MG

Alan Rodrigues acredita que dar voz aos profissionais de saúde que estão no combate direto contra o coronavírus é um trabalho importante a ser feito. Trabalhando em duas realidades diferentes desde que a pandemia se iniciou, ele acorda às 5h todos os dias na cidade em que reside, Cristiano Otoni - MG. Ele retorna para casa sempre às 20h depois de ir para o trabalho em um posto de saúde de outro município, Santana dos Montes, interior do estado, de terça a sexta-feira. Nos finais de semana, reveza o trabalho no município de Santana dos Montes, com outro emprego na Policlínica de Conselheiro Lafaiete, onde trabalha todas as segundas-feiras. 

 

Ele conta que o trabalho aumentou muito durante a pandemia, e tudo relacionado ao vírus é ainda muito novo. Ele afirma ficar exausto, mas ainda assim, para que as unidades não fiquem em desfalque, ele vai trabalhar. O rapaz dá valor ao SUS e agradece a oportunidade que a pandemia lhe deu: aprender  mais sobre a vida. “Tenho aprendido muito também sobre o ser humano. Trabalhar na linha de frente me proporcionou não somente conhecer mais sobre a doença, como também poder contribuir com a saúde pública. O covid-19 não escolhe sexo, sexualidade, cor, idade, condição financeira, ele simplesmente existe. E mata!”, desabafa.

No meio da pandemia o desgaste emocional foi bem grande e quase desisti. Alguns colegas de trabalho não quiseram mais trabalhar e quase fiz o mesmo

Ranielle Oliveira

Técnica em radiologia no Hospital e Maternidade São José, em Conselheiro Lafaiete - MG

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Fonte: Arquivo pessoal

Ranielle Oliveira trabalha com pacientes já diagnosticados com a doença. Ela contou que alguns deles seguem para tomografia e outros para o radiografia e que, devido à impossibilidade de locomoção de alguns internados no Centro de Terapia Intensiva (CTI), para a realização dos exames, os profissionais precisam se deslocar  e levar os aparelhos até eles.

 

A técnica ressalta o cuidado que a administração tem com os profissionais. “Os exames ficaram mais restritos, médicos pediam exames somente de urgência,  para evitar ao máximo que o técnico entre no quarto contaminado. E quando necessário, o hospital forneceu uniformes usados em blocos cirúrgicos”. Toda essa cautela, segundo ela, mostrou como a profissão precisa ser valorizada em qualquer circunstância.

Clara Scombati, médica residente de cirurgia geral no Hospital Regional do Vale do Paraíba, contou para a equipe da Revista Curinga, que tem trabalhado sem rotina definida depois de ter a demanda de trabalho aumentada após a pandemia e sobre as mudanças que ocorreram nos setores do hospital onde trabalha na cidade de Taubaté - SP.  Confira a entrevista, nos próximos áudios, abaixo:

Clara - Médica
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O aumento nos casos de coronavírus reflete diretamente no trabalho da médica e na saúde desses profissionais. Clara relembra os casos que mais lhe marcaram desde o início da pandemia e reitera que o vírus tem infectado não somente idosos, mas também os mais jovens. A banalização da prevenção para ela é um dos fatores de aumento de casos.

Clara - Médica
00:00 / 03:12

Todo cuidado com o paciente deve ser estritamente avaliado por diversos profissionais. Não somente os mais "visíveis'', como os médicos, participam da recuperação completa. Uma parte importante para um sistema imunológico bom é a nossa alimentação, por isso durante as internações hospitalares, os nutricionistas acompanham e orientam a dieta prescrita para os pacientes.

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Fonte: Arquivo pessoal

Verificamos se o paciente tem condições de fazer a alimentação oral ou não. Nesses casos, há a Terapia Nutricional Enteral, onde avaliamos junto com médicos e fisioterapeutas a possibilidade de passagem de sonda para garantir a nutrição adequada

Daíse da Cunha

Nutricionista no SPA e Policlinica Danilo Corrêa, em Manaus, Amazonas

Daíse da Cunha atua em uma Policlínica em Manaus - AM. Ao ser questionada sobre o papel de um nutricionista como linha de frente, diz que o papel do nutricionista é prescrever a alimentação adequada e fortalecer o sistema imunológico para uma recuperação mais rápida e evitar também agravo dos sintomas e sequelas. Principalmente das funções cardíacas, melhorando a circulação sanguínea com alimentos funcionais, respiratórias com antioxidantes naturais e quando necessário, suplementos complexos de vitaminas e protéicos”.

Após todo o cuidado e recuperação da doença, os pacientes, em alguns casos, precisam passar por outros profissionais para além dos que consultaram no hospital, como o caso de psicólogos para suporte psicoterapêutico e até trabalhar com algum trauma/medo. Este profissional é importante, não apenas no cotidiano dos pacientes e futuros pacientes, mas também no cuidado e ajuda para passar por momentos difíceis. Mesmo que esse cuidado direto seja após recuperação da covid-19, dentro dos hospitais existem psicólogos especializados em lidar com situações traumáticas junto aos pacientes e isso ajuda durante a recuperação das doenças.

Bruna Galera, psicóloga, relata que em sua clínica particular em Pindamonhangaba - SP, seus pacientes que tiveram a doença ficaram muito ansiosos durante o período de quarentena e que os familiares próximos foram infectados, chegaram a desenvolver alguns transtornos mentais.

 

Devido à necessidade de distanciamento social, essa foi uma profissão que exigiu essencialmente que os atendimentos ocorressem de forma virtual. Entretanto, como alguns pacientes em situações urgentes não conseguem seguir com consultas online, o retorno presencial foi retomado com todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

As pessoas acham que o atendimento do fisioterapeuta ele vai se dar depois que essa pessoa vai pra UTI, se recuperou do covid, quando a janela de transmissão acabou (é o tempo ainda que ele transmite o vírus). Mas na verdade ele atua desde da admissão desse paciente (na UTI) até a alta dele

Wagton Silva

Fisioterapeuta residente em terapia intensiva na Santa Casa de Belo Horizonte - MG e, atua na UTI com pacientes com covid-19 em um hospital de Campanha em Vespasiano - MG.

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Fonte: Arquivo pessoal

Wagton Silva conta que o cuidado que os profissionais têm com os pacientes vai além do atendimento hospitalar, partilhando todo o caminho da descoberta da infecção até o retorno para a vida normal. Confira a entrevista no áudio abaixo:

Wagton - Fisioterapeuta
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Todos esses depoimentos mostram a importância de cada setor dentro do pré-diagnóstico até a pós-recuperação. Com mais de um ano do início da pandemia, os casos só aumentam e não há uma previsão de quando o mundo voltará ao “normal”. Por isso, os pacientes que sobrevivem ao coronavírus não escondem a gratidão que sentem em relação às equipes de profissionais que auxiliam durante todo o tratamento e fase de internação, fato registrado nas inúmeras postagens de redes sociais com fotografias junto às equipes seguidas da frase “Eu venci a covid”. 

 

Cada um desses profissionais desempenha, mesmo que de maneira singela, uma grande função em toda essa reabilitação da vida. Sejam eles os “visíveis” e “invisíveis” na gestão dessa crise de saúde pública mundial lutam contra o tempo para diminuir o número de contaminados e vencer essa batalha.

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