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Ismália, personagem da poesia mais famosa do simbolismo escrita por Alphonsus de Guimaraens, foi trancada em uma torre e ansiava pela liberdade que custou a sua vida. A relação entre a poesia e a realidade da pandemia do novo coronavírus foi traduzida em um ensaio fotográfico, transitando entre imagens que recortam a realidade da solidão do isolamento e desejo de liberdade a qualquer risco, e entre imagens poéticas que buscam transmitir visualmente esses sentimentos. A Ismália do século XXI se isola pelo bem social, a lua, seu objeto de desejo, é a vida pré-pandemia, e seu fim não é ao mar, mas rendendo-se ao desejo de liberdade custando não apenas a sua vida, mas a de muitos outros.
Especiais
Realidade e delírio
O poema Ismália, de Alphonsus de Guimarães, se torna contemporâneo ao tratar da dor e da incerteza daqueles que, confinados, desejam por ao menos uma vez mais se atirar em um mar [de gente]
Equipe: Maria Letícia Nolasco,
Hugo Andrade e Fernanda Miranda Dias
Pôs-se
na torre a sonhar
Viu outra
lua no mar.
Banhou-se
toda em luar...
Queria
descer ao mar...
Quando
Ismália enlouqueceu,
Viu uma
lua no céu,
No sonho em
que se perdeu,
Queria
subir ao céu,
E, no
desvario seu,
Na torre
pôs-se a cantar...
Estava
longe do mar...
As asas
para voar...
Queria a
lua do mar...
Ruflaram
de par em par...
Seu corpo
desceu ao mar...
Estava
perto do céu,
E como
um anjo pendeu
Queria a
lua do céu,
As asas
que deus lhe deu
Sua alma
subiu ao céu,
A Revista Curinga |DOSSIÊ| é uma publicação da disciplina Laboratório Integrado II: Grande Reportagem, produzida por estudantes do curso de Jornalismo da UFOP.
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