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Rastros da Mineração
O que fica quando a mineração passa?
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Barragem de Fundão
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Barragem da Mina Córrego do Feijão
Faz dez anos que a cidade de Mariana (MG) foi arrastada para o centro do debate quando o assunto é mineração. Considerado o maior crime socioambiental do país, o rompimento da Barragem da Samarco Mineração S/A, localizada no subdistrito de Bento Rodrigues, expeliu 40 milhões de metros cúbicos de lama e contaminou, em poucas horas, as matas, os rios e a população, manchando o caminho das terras de Minas Gerais até o mar do Espírito Santo.
Menos de quatro anos depois, a 100 km de distância do local do desastre-crime, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o cenário se repetiu na cidade de Brumadinho (MG): o rompimento da Barragem da Vale S.A. se configurou como o maior crime trabalhista do Brasil. Ambos os acontecimentos foram de responsabilidade de empresas mineradoras, cujos modelos extrativistas vêm, há décadas, lucrando sobre o território e a saúde da população de onde se instalam.
A 39ª edição da Revista Curinga, no Dossiê “Rastros da Mineração”, propõe revisitar o papel deste setor ao longo da história de Minas Gerais, seguindo seus traços da chegada das empresas no século passado até à realidade atual. O especial foi produzido por alunos residentes de municípios minerários na Região dos Inconfidentes e, por isso, parte do objetivo de mostrar que, embora devastadores, os rompimentos não são os únicos fatores de destruição no cotidiano desses territórios.
Na verdade, as repercussões são observadas muito antes, ao longo e depois desses eventos. As influências do poder minerário estão no cotidiano das comunidades locais, camuflados e entrelaçados com questões econômicas, sociais e culturais. A equipe da Curinga buscou entender, jornalisticamente, como a influência e o monopólio da mineração impactam diretamente a qualidade de vida, a liberdade socioeconômica, a política, a diversidade cultural, a saúde física e mental em cidades mineradoras.
Uma reflexão norteadora importante, apontada conjuntamente pela equipe de produção e os convidados extensionistas, que nos auxiliaram à encaminhar a produção das pautas, foi a noção de progresso vinculada à chegada da mineração nos territórios. A edição procurou interpretar esse imaginário social a partir de perguntas como: Progresso para quem? Quem ganha com o avanço da indústria minerária? O lucro chega aos trabalhadores e residentes? Se sim, por qual meio ele alcança essas pessoas?
Do âmbito local para o nacional, a Curinga pretende trazer para o debate tópicos muitas vezes deixados de lado, e lançar luz nos efeitos da mineração sob a chave do passado (a presença histórica do extrativismo e suas infrações), do presente (vida nas cidades mineradoras), e do futuro (é possível um modelo diferente de mineração?).
É tudo isso o que propomos investigar, boa leitura!
Sarah Couto
Editora chefe
Agosto, 2025
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